1. |
Horizonte
03:33
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Acordar de manhã
Sem nada p’ra dizer,
Ouvir o som das ondas
E o tempo estremecer.
Pensar esta canção,
Deixá-la por fazer
Viver a vida toda sem nunca perceber
As razões das multidões agirem como um só.
Meu ser solitário, em seu campanário
Não foi nunca um de vós.
Vejo os navios navegar,
O Horizonte alcançar,
Virar as costas ao mar e rezar
P’ra que a noite faço o tempo voltar.
Se não bebo pouco durmo,
Nunca fui mais que segundo,
Nunca soube gerir bem as emoções.
Pensamento derradeiro:
Talvez se eu fosse o primeiro
Me chegassem essas simples ilusões.
Cada um de nós, perenemente sós
A ver mudar a azul cor do céu.
O longo inverno que se avista
Não dava capa de revista,
Não quis ser fácil e morder o anzol.
Vejo os navios navegar,
O Horizonte alcançar,
Virar as costas ao mar e rezar
P’ra que a noite faço o tempo voltar.
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2. |
O Infinito
04:40
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O Infinito é igual
Em toda a parte
Se te perderes não faz mal.
A cada hora do dia
Muda-me a arte
Esqueço o que eu já não sabia.
E se eu ousar mergulhar
Nesse calmo azul do mar
Vou ter de me perder
No infinito
Que sem saber eu já lá estou.
É um caos infinitesimal.
É o Infinito sempre igual.
Um vazio incapaz de se encher.
Contar pelas mãos até morrer.
Este vazio é igual
Em todo o lado.
É um mau estar sazonal
Que me consome por dentro,
Pouco importando,
Até cansar ser tão neutro.
Mas se eu ousar mergulhar
Nesse calmo azul do mar
Sou uma só gota
No Infinito
Que sem saber eu já lá estou.
É um caos infinitesimal.
É o Infinito sempre igual.
Um vazio incapaz de se encher.
Contar pelas mãos até morrer.
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3. |
Sábio da Montanha
04:03
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Sábio da Montanha,
O que é que tens p’ra me ensinar?
Vim eu de tão longe
Só p’ra poder te ouvir falar
Ter paciência, dizes tu c’oa idade.
Inteligência mas sem ter a vaidade
De vangloriar-te nessas frivolidades:
Não há ninguém que dure a Eternidade.
Sábio da Montanha,
É tão difícil aprender
Ao sabor do vento
E do dia a escurecer.
Ter paciência, dizes tu c’oa idade.
Inteligência mas sem ter a vaidade
De vangloriar-te nessas frivolidades:
Não há ninguém que dure a Eternidade.
Sábio da Montanha,
Aqui não tens ninguém para amar,
Por quem perder o sono
E motivos p’ra sonhar.
Vives só em avançada idade
E sem ter quem te renegue a vontade.
P’ra quê viver com tanta sobriedade
Se não há ninguém que dure a Eternidade?
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4. |
Deixar para trás
04:29
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Porque é que tudo é o mesmo?
Sempre a mesma melodia.
Quero encontrar algo fresco.
Já chega de covardia.
E se me maça o horário,
Tão badalado cenário:
É deixar p’ra trás.
Porque é que tudo é difícil?
Tudo com tanta demora.
Também me sinto tão frágil,
Quem disse que era esta a hora
Só pode estar enganado
Ninguém lhe deu o recado:
Que é deixar p’ra trás recordações,
Vidas passadas para depois.
O que foi já foi, não vai mudar.
Escusas de tentar.
Podes bem esquecer as orações.
No mundo somos só nós os dois.
A melhor maneira de viver é
Deixar p’ra trás.
Eu canto p’la noite dentro
Até que alguém me obrigue
A retirar me sangrento
Quando sou eu só no ringue
Mas quem me achar pela aurora
Ai, não perde pela demora
De eu deixar p’ra trás.
Porque é que tudo é o mesmo?
Será, enfim, culpa minha?
Posso fingir que me esqueço
Mas a verdade é sozinha:
Se eu sou Orfeu, meu amado,
Ninguém me deu o recado
Que é deixar p’ra trás recordações,
Vidas passadas para depois.
O que foi já foi, não vai mudar.
Escusas de tentar.
Podes bem esquecer as orações.
No mundo somos só nós os dois.
A melhor maneira de viver é
Deixar p’ra trás.
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5. |
A Eternidade
05:34
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6. |
Formiga
03:15
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Voltar ao princípio
Para emendar o vício.
Cortem-me o fio
Vou saltar p’ro precipício,
Resvalar na Montanha
Tal é a minha façanha
(Não ganhas)
Tu és pura arte.
És um mundo à parte.
Se a coragem bate
Fugimos os dois para Marte
Que por lá, se perdida,
Não tens outra companhia
(Sozinha)
Será que aguento o temporal?
Na minha mente é que está o mal.
A chuva é dura e corta a pele.
Se o meu destino se cumpre, eu
Vou com o vento ou fico p’ra sempre?
Aqui só contigo
A cuidar do meu umbigo
Se acabo ferido,
É muito menor o perigo
De esgotar minha vida
Em prol de tão vã conquista
(Desista)
Depressa me engasgo
Nesse futuro que rasgo.
Não sei que te diga…
Eu nunca quis ser formiga:
Trabalhar toda a vida
P’ra uma migalha franzina
(Que sina)
Será que aguento o temporal?
Na minha mente é que está o mal.
A chuva é dura e corta a pele.
Se o meu destino se cumpre, eu
Vou com o vento ou fico p’ra sempre?
Trabalhar toda a vida
P’ra uma migalha franzina
(Que sina)
Será que aguento o temporal?
Na minha mente é que está o mal.
A chuva é dura e corta a pele.
Se o meu destino se cumpre, eu
Vou com o vento ou fico p’ra sempre?
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7. |
Homem Bomba
03:44
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Invejo tanto a liberdade
De todo e qualquer homem bomba:
Poder explodir com as cidades
P’ra ser maior que a própria sombra.
Mas, principalmente, não ter medo,
Com o peito cheio de certezas,
Não duvidar do meu credo
E saber qual é o rumo certo.
Essa agora,
É tão fácil esquecer a razão
Que ela está fora de moda
E é bem melhor viver uma ilusão,
Não parecer bem a que vier de fora
Nem há verdade nesta confusão
Que nos salve dos tempos de outrora
E de não deixar ver repetir
A história.
Ser o rei da multidão raivosa,
O lobo que veste pele de ovelha,
Queimar o cravo por ser rosa
A raíz do mal da cor vermelha.
Nem nunca enfrentar as consequências
Da própria irresponsabilidade.
Não precisar de ter paciência
Para durar a Eternidade.
Essa agora,
É tão fácil esquecer a razão
Que ela está fora de moda
E é bem melhor viver uma ilusão,
Não parecer bem a que vier de fora
Nem há verdade nesta confusão
Que nos salve dos tempos de outrora
E de não deixar ver repetir
A história.
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8. |
Férias no Japão
06:08
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Sim, claro que sim.
Nem podia discordar,
Não tendo força p’ra negar.
Tomo nota de tudo o que tens p’ra dizer
Mas vou guardar para depois
Fazer um brilharete dois a dois.
Trabalhar das nove às cinco,
Ir passear sempre ao domingo,
Aceitar que se é banal,
Nunca ter lido as Flores do Mal.
E se sai a sorte grande
Vai p’ra França passar por gigante:
Viver em excesso e sem perdão,
Passar as férias no Japão.
Sim, claro que sim.
Porque na mesa do café
É tão fácil escolher a maré.
Tomo nota de tudo o que tens p’ra dizer
E vou fingir que entendo bem,
Quem sabe assim eu seja alguém.
Trabalhar das nove às cinco,
Ir passear sempre ao domingo,
Aceitar que se é banal,
Nunca ter lido as Flores do Mal.
E se sai a sorte grande
Vai p’ra França passar por gigante:
Viver em excesso e sem perdão,
Passar as férias no Japão.
Sim, claro que sim.
No fim, somos todos iguais
E tal e qual os nosso pais.
Tomo nota de tudo o que tens p’ra dizer
Mas continuo como sou
Transcendo só quem me mudou.
Trabalhar das nove às cinco,
Ir passear sempre ao domingo,
Aceitar que se é banal,
Nunca ter lido as Flores do Mal.
E se sai a sorte grande
Vai p’ra França passar por gigante:
Viver em excesso e sem perdão,
Passar as férias no Japão.
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9. |
A Sorte
05:09
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É mais um ano a chegar ao fim.
Quatro estações a passar por mim.
No inverno ou no verão,
O frio ou o quente não me vão servir:
Estar aqui mas querer fugir p’ra outro lugar
E arriscar
Florir.
A Sorte sorri aos justos.
Serei eu santo ou pecador?
Se os gritos se abafam mudos,
Desiste e perde a cor.
Dia após dia a tentar esquecer
Melancolia de sobreviver,
O cansaço de correr a vida toda
E nunca alcançar
Há de ser um dia o meu fim
Aquilo que me vai
Matar.
A Sorte sorri aos justos.
Serei eu santo ou pecador?
Se os gritos se abafam mudos,
Desiste e perde a cor.
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